O impulso da reprodução leva infalivelmente os homens e as mulheres a unirem-se para a auto perpetuação, mas, por si só, ele não assegura que permaneçam juntos, em cooperação mútua – na fundação de um lar. Todas as instituições humanas de êxito abrangem antagonismos de interesse pessoal, ajustados na harmonia para a prática do trabalho; e os trabalhos de casa não são excepção. O matrimónio, a base da edificação do lar, é a mais alta manifestação dessa cooperação entre antagonistas, que tão frequentemente caracteriza os contactos da natureza e da sociedade. O conflito é inevitável. O acasalamento é inerente e é natural. O matrimónio, contudo, não é biológico; é sociológico. A paixão assegura que o homem e a mulher se reúnam, mas o instinto, menos forte, da paternidade e os costumes sociais mantêm-nos juntos. Se considerados praticamente, o macho e a fêmea são duas variedades distintas da mesma espécie; vivendo em associação próxima e íntima. Os seus pontos de vista e reacções vitais são todos essencialmente diferentes; eles são totalmente incapazes de uma compreensão mútua, plena e real. Um entendimento completo entre os sexos não é alcançável. As mulheres parecem ter mais intuição do que os homens, mas parecem também ser um tanto
menos lógicas. A mulher, contudo, tem sempre sido o esteio moral e tem tido a liderança espiritual da humanidade. É a mão que embala o berço e que ainda confraterniza com o destino. As diferenças de natureza, de reacção, de ponto de vista e de pensamento, entre os homens e as mulheres, longe de ocasionar preocupação, deveriam ser consideradas como altamente benéficas à humanidade, tanto individual quanto colectivamente. Muitas ordens de criaturas do universo são criadas em fases duais de manifestação de personalidade. Essa diferença é descrita como o macho e a fêmea, entre os mortais, entre os Filhos Materiais e entre os midsonitas; entre os serafins, os
querubins e os Companheiros Moronciais, tem sido denominada positiva ou activa, e negativa ou reservada. Tais associações duais multiplicam grandemente a versatilidade e superam limitações
inerentes, como o fazem algumas associações trinas no sistema do Paraíso. Os homens e as mulheres necessitam uns dos outros, nas suas carreiras moronciais e espirituais, exactamente como nas suas carreiras mortais. As diferenças de ponto de vista entre o macho e a
fêmea perduram mesmo além da primeira vida e durante as ascensões do universo local e do superuniverso. E, mesmo em caminho ao “Paraíso”, os peregrinos que uma vez foram homens e mulheres ainda
estarão ajudando-se mutuamente nessa ascensão. Nunca, mesmo no Corpo de Finalidade, a criatura irá metamorfosear-se tanto, a ponto de obliterar os traços de personalidade que os humanos chamam de masculinos e de femininos; sempre essas duas variações básicas da
humanidade continuarão a intrigar, a estimular, a encorajar e a ajudar-se mutuamente; sempre serão mutuamente dependentes da cooperação para a solução dos problemas desconcertantes do universo e para a superação das múltiplas dificuldades cósmicas. Embora os sexos nunca possam esperar entender-se mutuamente, eles são efectivamente
complementares e, embora a cooperação seja com frequência mais ou menos antagónica pessoalmente, ela é capaz de manter e de reproduzir a sociedade. O matrimónio é uma instituição destinada a compor as diferenças dos sexos, ao mesmo tempo em que efectua a continuação da civilização e assegura a reprodução da raça. O matrimónio é a mãe de todas as instituições humanas, pois conduz directamente à fundação e à manutenção do lar, que é a base estrutural da sociedade. A família está vitalmente ligada ao mecanismo da auto preservação; é a única esperança de perpetuação da raça sob os costumes da civilização e ao mesmo tempo provê, de modo muito eficaz, algumas formas de auto gratificação bastante satisfatórias. A família é a mais elevada realização puramente humana, combinando, como o faz, a evolução das relações biológicas do macho e da fêmea nas relações sociais entre o marido e a esposa. O acasalamento sexual é instintivo, os filhos são o resultado natural e, assim, a família automaticamente vem à existência. Tais como são as famílias da raça ou da nação, assim é a
sociedade. Se as famílias são boas, do mesmo modo a sociedade o é. A grande estabilidade cultural do povo judeu e dos chineses repousa na força dos seus grupos familiares. O instinto que a mulher tem de amar as crianças, e de cuidar delas, conspirou para fazer da
mulher a parte interessada em promover o casamento e a vida familiar primitiva. O homem foi forçado à edificação do lar apenas pela pressão dos costumes mais recentes e das convenções sociais; ele demorou a interessar-se pelo estabelecimento do matrimónio e do lar, porque o acto sexual não lhe impõe consequências biológicas.
A associação sexual é natural, mas o matrimónio é social, e tem sido sempre regulado pelos costumes. Os costumes (religiosos, morais e éticos), junto com a propriedade, o orgulho e o cavalheirismo, estabilizam as instituições do matrimónio e da família. Sempre que os costumes flutuam, há uma flutuação na estabilidade da instituição do lar-matrimônio. O matrimónio está actualmente passando da era da propriedade para a era pessoal. Anteriormente, o homem protegia
a mulher porque ela era uma posse sua, e ela lhe obedecia pela mesma razão. Independentemente dos seus méritos, esse sistema trouxe a estabilidade. Agora, a mulher não mais é encarada como uma propriedade, e estão emergindo novos costumes, destinados a estabilizar a instituição do matrimônio-lar:
1. O novo papel da religião – o ensinamento de que a experiência de progenitores é essencial, a ideia de procriar cidadãos cósmicos, a compreensão ampliada do privilégio da procriação – de dar filhos ao Pai.
2. O novo papel da ciência – a procriação está tornando-se mais e mais voluntária, sujeita ao controle do homem. Nos tempos antigos, a falta de compreensão assegurava o aparecimento de filhos, na ausência de qualquer desejo de tê-los.
3. A nova função das atracões do prazer – isso introduz um novo factor à sobrevivência racial; o
homem antigo levava os filhos não desejados à morte; os modernos recusam-se a concebê-los.
4. A elevação do instinto de paternidade. Cada geração agora tende a eliminar, da corrente de reprodução da raça, aqueles indivíduos para os quais o instinto paternal não é forte o suficiente para assegurar a procriação dos filhos, os pais prospectivos da geração seguinte.
Contudo, o lar como uma instituição, uma parceria entre um homem e uma mulher, data mais especificamente dos dias da Dalamátia, há cerca de meio milhão de anos; as práticas monogâmicas de Andon e dos seus descendentes imediatos haviam sido abandonadas tempos
atrás. Contudo, não havia muito para se orgulhar da vida familiar, antes dos dias dos noditas e dos posteriores adamitas. Adão e Eva exerceram uma influência duradoura sobre toda a humanidade; pela primeira vez, na história do mundo, os homens e as mulheres foram vistos trabalhando lado a lado no Jardim. O ideal Edênico de toda uma família de jardineiros era um novo ideal neste planeta. A família primitiva englobava um grupo ligado pelo trabalho, incluindo os escravos, todos morando em uma única habitação. O matrimónio e a vida familiar não têm sempre sido idênticos, mas, por necessidade, ambos têm estado estreitamente relacionados. A mulher sempre quis a
família individualizada e, finalmente, ela ganhou o caminho para tanto. O amor da progênie é quase universal e tem um valor especial para a sobrevivência. Os antigos sempre sacrificavam os interesses da mãe pelo bem-estar do filho; uma mãe esquimó, ainda hoje, lambe o seu bebé, em vez de lavá-lo. As mães primitivas, contudo, apenas nutriam e cuidavam dos seus filhos quando eram muito jovens e, como os animais, descartavam-nos tão logo cresciam. As ligações humanas duradouras e contínuas nunca têm sido baseadas apenas em afectos biológicos. Os animais amam os seus filhos; o homem – o homem civilizado – ama os filhos dos seus filhos. Quanto mais elevada for a civilização, maior o contentamento dos pais com o
progresso e o êxito dos filhos; assim, vem à existência a realização nova e mais elevada do orgulho do nome. As famílias grandes, entre os povos antigos, não eram necessariamente sentimentais. Ter muitos filhos era uma coisa desejada, porque:
1. Eles eram valiosos como trabalhadores.
2. Os filhos eram a segurança para a velhice.
3. As filhas eram vendáveis.
4. O orgulho da família exigia que o nome fosse expandido.
5. Os filhos proporcionavam protecção e defesa.
6. O medo dos fantasmas gerava o pavor da solidão.
7. Algumas religiões exigiam uma progênie.
Os adoradores dos ancestrais viam a ausência de filhos como a calamidade suprema para todo o tempo e para a eternidade. Eles desejavam, acima de tudo o mais, ter filhos que oficiassem nas festas depois da morte, para oferecerem os sacrifícios exigidos pelo progresso dos fantasmas na terra dos espíritos. Em meio aos selvagens antigos, a disciplina dos filhos começava muito cedo; e a criança
compreendia também cedo que a desobediência significava o fracasso, ou mesmo a morte(…) A vida familiar é a progenitora da verdadeira moralidade, é o ancestral da consciência da lealdade ao dever. As associações forçadas de vida familiar estabilizam a personalidade e estimulam o seu crescimento por meio da obrigação de um ajuste indispensável às outras personalidades diversas. E ainda mais, uma verdadeira família – uma boa família – revela aos pais procriadores a atitude do Criador para com os seus filhos, ao mesmo tempo em que esses verdadeiros pais transmitem aos seus filhos a primeira de uma longa série de revelações ascendentes do amor do Pai, do Paraíso, de todos os filhos do universo.
פֵהֵל PeHeLa guardião da religião, moral, e teologia Divina te Saúdo na Paz e na Luz Daquele que tudo realiza e te digo... A Paz do Eterno vos envolva
(como pedido assim é feito)
Bem hajam na luz e com a Luz
P.S. todos os post's que têm por titulo "Conversas Contigo" ou "Conversas no Silêncio" são por mim formatados e inseridos. Esta é a parte que me cabe em reconhecimento de Autoria.